CONHECIMENTO GERAIS

terça-feira, 31 de agosto de 2010

EDUCAÇÃO ESPARTANA

A legislação espartana baseava-se num código de leis atribuído a um legislador lendário Licurgo, cuja existência é posta em duvida pela história. Essa legislação preservava a sociedade assegurando aos espartíatas totais privilégios. Toda sociedade e a educação espartanas estavam voltadas para a guerra. Nesse tipo de organização social o exército tinha importância fundamental. Era sobre ele que se assentava a ordem interna e a defesa externa.
O estado espartano regulamentava minuciosamente a vida familiar. Não existe em Esparta a vida privada e a vida pública, pois o estado sintetiza todas as atenções e os interesses. Do ponto vista cultural o governo estimula o laconismo, a xenofobia e a xenelasia. O laconismo consiste em falar tudo de maneira sintética, em poucas palavras. Isso para limitar a capacidade de raciocínio e o espírito crítico dos cidadãos. A xenofobia (aversão aos estrangeiros) e xenelasia (expulsão dos estrangeiros) impedem o contato com idéias inovadoras e, portanto, consideradas subversivas para o sistema espartano. Tanto o laconismo, quanto a xenofobia e xenelasia, eram meios para reforçar o status quo e evitar mudanças.
Nesse sentido, Esparta procurou sempre tornar suas leis imutáveis, tornando-se um Estado conservador e reacionário. Para garantir o status quo, isto é, a dominação de uma minoria sobre a maioria de escravos e periecos, Esparta organizou um sistema especial de educação. Os cidadãos deviam viver para o Estado e não para a família ou para si mesmo. Deviam fazer guerra contra os inimigos de Esparta e procriar os filhos necessários para fortalecer as fileiras do exército. Isso explica a relativa liberdade sexual: até os empréstimos de esposas eram tolerados, desde que a finalidade fosse procriar filhos para o Estado.
Assim que nascia, a criança era examinada pelos velhos, que decidiam sobre sua vida ou sua morte. Se fosse robusta, sem defeitos físicos, a criança devia viver; se não, era lançada do alto do monte Taigeto, para que não transmitisse mais tarde sua inferioridade física.
A criança ficava sob os cuidados da mãe até os sete anos de idade. Em seguida era entregue ao estado que lhe dava educação cívica até os doze anos. Todos os ensinamentos baseavam-se nos valores próprio do Estado. Em grupos meninos e meninas eram instruídos de acordo com os interesses dos espartanos. Aos 12 anos, os meninos eram mandados para o campo onde deviam sustentar-se por conta própria. Esta era a fase de educação militar propriamente dita. Dormiam ao ar livre, sobre camas feitas de bambu que colhiam com as próprias mãos, sem ferramenta as margens do Rio Eurotas. Tudo o que comiam era roubado. Aprendiam a roubar com destreza e habilidade, pois se fossem surpreendidos roubando seriam espancados até a morte, não por causa do roubo, mas pela demonstração de inabilidade.
Esta fase de educação tinha por finalidade fortalecer o físico e desenvolver a destreza, indispensáveis ao bom soldado. Aos 17 anos, os rapazes eram submetidos a uma prova de habilidade, a kríptia. Durante o dia os meninos se espalhavam pelo campo munidos de punhais; à noite degolavam todos os escravos que conseguiam apanhar. Aqueles que passavam por esta “prova” tornavam-se maiores e recebiam um lote de terra. Em seguida passavam a viver como soldados no quartel. Até aos 30 anos os espartíatas não podiam se casar, apenas coabitar. Dos 30 anos em diante podiam participar da assembléia, casar e deixar o cabelo crescer. Aos 60 anos se aposentavam do exército e podiam tomar parte no conselho dos Anciãos (Gerúsia).
Essa educação, ao mesmo tempo em que preparava para a guerra, contribuía para eliminar uma parte de escravos. Isso impedia seu crescimento exagerado (que representava uma ameaça para os espartíatas) e facilitava o seu domínio através do terror. Mas o próprio aumento da população espartíata era limitado por esse tipo de educação. De fato, embora numerosos devido à liberdade sexual existente, muitos filhos morriam logo depois de nascer, ao serem lançados do Taigeto; outros desapareciam durante a fase de educação militar, mortos pela fome, pelo frio, pelos castigos ou luta contra os escravos. Desse modo, o número de escravos não aumentava e o dos cidadãos também não. Essa estabilidade demográfica contribuía para a preservação do imobilismo da sociedade, pois aliviava a pressão dos escravos e diminuía a necessidade de mais terra para novos cidadãos.
As mulheres de Esparta também recebiam desde a infância, um rigoroso treinamento físico e psicológico, no intuito de se prepararem para ser mães e esposas de guerreiros. Gozavam de maior liberdade que as mulheres de outras cidades-estados.

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